Aconteceu na Lima Drumond.
A gente só ouviu a gritaria do lado de fora, estávamos os quatro em casa.
O povo do lado de fora gritava pra gente sair de casa e ir pra rua.
Atrás da nossa casa havia um morro e, por causa da chuva, uma grande pedra estava descendo morro abaixo em direção à nossa casa.
Foi um pânico. O pânico foi tão grande que meu pai não conseguiu abrir o portão, todos pulamos o muro. Minha mãe pulou primeiro, depois meu pai levantou nós dois, eu e meu irmão, pros braços da minha mãe, depois meu pai pulou. Hoje na minha lógica de adulta, penso que se estávamos com medo daquela pedra atingir a nossa casa, deveríamos ter saído correndo para bem longe.
Mas não foi o que aconteceu, ficou o povo todo no meio da rua gritando e chorando. Pense numa choradeira! Até que a pedra parou, havia uma vala e a pedra enganchou nela, e parou. Naquela época acho que não rolava defesa civil não, e se tivesse não daria tempo. A pedra parou pela mão de Deus. E aí aos poucos as famílias foram voltando para suas casas.
Durante meses ficamos o dia todo ouvindo ao longe as marteladas naquela pedra, me lembro disso até hoje, aquele som lamurioso das batidas das marretas na pedra, acho que o governo mandou transformar aquela pedreira em brita ou sei lá, só sei que fizeram obras ali.
Meus pais nunca mais passaram a chave no portão. Antes eles fechavam porque o povo do morro vinha roubar água da torneira do jardim, depois disso não nos importamos mais, podiam pegar a vontade.
Depois que o sangue esfriou ficamos pensando como minha mãe pulou aquele muro tão rápido e com tanta facilidade? Até hoje a gente pensa nisso, o que o medo não faz com a gente! Por essas e outras é que não gosto de ouvir dizer "Ah eu não consigo!", não é bem assim não, a gente consegue sim, se for para salvar um filho a gente é capaz de coisas que não imagina.
Li uma vez uma reportagem em uma revista de uma senhora que levantou um carro sozinha porque o macaco quebrou e o carro estava esmagando o filho dela. A mulher conseguiu levantar um carro sozinha. Pense !!! Nós não temos noção da nossa capacidade, da nossa força interior, se tivéssemos seríamos bem menos vítimas, bem mais proativos e felizes.
A gente só ouviu a gritaria do lado de fora, estávamos os quatro em casa.
O povo do lado de fora gritava pra gente sair de casa e ir pra rua.
Atrás da nossa casa havia um morro e, por causa da chuva, uma grande pedra estava descendo morro abaixo em direção à nossa casa.
Foi um pânico. O pânico foi tão grande que meu pai não conseguiu abrir o portão, todos pulamos o muro. Minha mãe pulou primeiro, depois meu pai levantou nós dois, eu e meu irmão, pros braços da minha mãe, depois meu pai pulou. Hoje na minha lógica de adulta, penso que se estávamos com medo daquela pedra atingir a nossa casa, deveríamos ter saído correndo para bem longe.
Mas não foi o que aconteceu, ficou o povo todo no meio da rua gritando e chorando. Pense numa choradeira! Até que a pedra parou, havia uma vala e a pedra enganchou nela, e parou. Naquela época acho que não rolava defesa civil não, e se tivesse não daria tempo. A pedra parou pela mão de Deus. E aí aos poucos as famílias foram voltando para suas casas.
Durante meses ficamos o dia todo ouvindo ao longe as marteladas naquela pedra, me lembro disso até hoje, aquele som lamurioso das batidas das marretas na pedra, acho que o governo mandou transformar aquela pedreira em brita ou sei lá, só sei que fizeram obras ali.
Meus pais nunca mais passaram a chave no portão. Antes eles fechavam porque o povo do morro vinha roubar água da torneira do jardim, depois disso não nos importamos mais, podiam pegar a vontade.
Depois que o sangue esfriou ficamos pensando como minha mãe pulou aquele muro tão rápido e com tanta facilidade? Até hoje a gente pensa nisso, o que o medo não faz com a gente! Por essas e outras é que não gosto de ouvir dizer "Ah eu não consigo!", não é bem assim não, a gente consegue sim, se for para salvar um filho a gente é capaz de coisas que não imagina.
Li uma vez uma reportagem em uma revista de uma senhora que levantou um carro sozinha porque o macaco quebrou e o carro estava esmagando o filho dela. A mulher conseguiu levantar um carro sozinha. Pense !!! Nós não temos noção da nossa capacidade, da nossa força interior, se tivéssemos seríamos bem menos vítimas, bem mais proativos e felizes.
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